sexta-feira, 2 de abril de 2010

O segredo dos seus olhos

É o que diz o título do filme: olhos, pelo menos um par deles, têm segredos. Os olhos humanos, em geral, muito pelo contrário, são convictos reveladores. Revelam uma mentira que está sendo dita, revelam medos, alegrias... segredos.

Já dizia o mestre da sabedoria humana que o ser humano faz dos olhos espécies de espelhos virados para dentro, "com o resultado de mostrarem, muitas vezes sem reserva, o que estávamos tratando de negar com a boca".

Olhos que se recolhem, "gestual" que os tímidos fazem uso costumeiramente, também costumam revelar algo. Assim como olhares desviados, tolhidos pela falta de intimidade entre os que se olham, ou por alguma dessas conveniências que nos tolhem rotineiramente.

O olhar, se vulgarmente assim podemos defini-lo, é a ferramenta mais poderosa do ser humano. É através dele que se conhece de verdade uma pessoa, que se desnuda o mais coberto e mascarado dos seres. Os olhos são os mais fiéis retratos de quem é uma pessoa.

Costumo me dar muito bem com pessoas que trazem tudo de si nos olhos. E costumo me apaixonar facilmente por elas também, sejam homens ou mulheres. Dividir um olhar é como estar parado em algum lugar do tempo e do espaço, em uma cumplicidade que se dá quase que em outra dimensão.

Mas o lado mais curioso dessa troca de olhares é quando a cumplicidade acontece com quem você nunca trocou uma palavra, acabou de conhecer no banco, no ônibus, no elevador. A situação se apresenta e, de pronto, você sabe o que o outro, o desconhecido, pensou diante do ocorrido.

Com frequência, um olhar também é surpreendido. Esses são os de observação, que tomam tempo das retinas e provocam densa atividade cerebral. De repente, você é pego por um segundo observador, o que, por vezes, causa leve - ou intenso - constrangimento.

E há aquele momento do olhar em que dois corpos se atraem, como na física. Ou você desvia e finge que nada aconteceu, ou se entrega.

É instigante, é poderoso, é sensual.