Ela não conseguia mais encará-lo. Sentia que, a cada olhar e gesto, se denunciaria. Não seria prudente revelar-se apaixonada. Aquele que sempre estava ao seu lado, um grande companheiro, com quem dividia quase tudo, era, há mais de um ano, um homem comprometido.
Faltava-lhe o ar. Cada vez mais escasso, o peito apertado. A cada conversa, a vontade de extravasar. O aprisionamento já comprometia a relação. Passou a fugir. Olhares? Desviados. Os questionamentos dele, inevitáveis.
Aquele homem era dela, de mais ninguém. Por anos, foi o melhor amigo. Agora, era o amor, a quem ela queria ao lado dela nas madrugadas de samba na Lapa. O sambista ficou para trás.
Mas, afinal, que prudência era essa que a deixava infeliz? Respeito? Talvez. No entanto, o desrespeito à situação dele talvez fosse mais prudente. Não sabia o que fazer.
Já não via com tanta graça outras pessoas. Já não ia à Lapa tão decotada. Medo de ter-se apaixonado sem poder, por alguém que sabia que carregaria por toda a vida. O samba já não tinha mais a mesma cadência, a orgia já não era mais seu bem sem ele.
A noite alta já não lhe era mais dia. Era ausência.
eis mais um bamba... e eles continuam a nos decepcionar...
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