Eram adeptos do jogo. De todos, o mais perigoso: o das palavras. Usavam codinomes para se tratarem com mais intimidade. Eram íntimos. Conheciam quase plenamente um ao outro - ainda não tinham desbravado os limites da pele, porém.
Como todo jogo propenso ao vício, estavam viciados. A relação era de interdependência. Da mesma maneira como que com substâncias químicas, livrar-se era difícil. Ela pensou em mudar de telefone, sumir. Não adiantava. Ele não permitia o esquecimento: a procurava para mais uma partida verbal.
Com os codinomes, planejavam crimes, como alguns viciados. Se, antes, o nível do jogo era descompromissado, agora alternavam palavras do mundo real para sinalizar que não era só um jogo.
Estiveram solteiros em tempos diferentes. Agora, era ele o ilegal na jogatina. Ela, solteira há meses, não se colocava na mesa para novos jogadores. Estava presa no tabuleiro.
Tinha medo de colocar as cartas na mesa.
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