sexta-feira, 23 de julho de 2010

Encurralada

O jogo foi encerrado. Ela lançou as cartas. Ele, como era esperado, escolheu seu lugar no alto do muro. Sabia que o jogador não abriria mão do conforto, da vida regrada. O ilegal havia ficado em outro plano.

O primeiro encontro após o afastamento foi duramente engraçado. A formalidade com que se falaram terminou ao som de gargalhadas. Trocou os caminhos. As risadas deveriam ser, agora, boas lembranças.

Se sentia aprisionada, agora, por outros motivos. A decisão pelo afastamento, talvez, não fosse a melhor decisão. A saudade a corroía. Enferrujava a cada lágrima que os olhos teimavam em pôr para fora.

Mas tinha que ser firme, não podia voltar atrás. A seriedade que sempre figurou iria por água abaixo se amolecesse suas decisões. Pensava na vida. A cada dia, um dia a menos sem ele.

Tinha vontade de chutar o balde. Foda-se, o queria por perto, da maneira que fosse. Queria vivê-lo. Não aguentava os primeiros dias de ausência forçada, que ela mesmo tinha imposto.

Não conseguir esquecer. Sabia que, a qualquer momento, iria ceder.

Mas Quem Disse Que eu Te Esqueço
Beth Carvalho, com ligeiras adaptações.

Tristeza rolou dos meus olhos
De um jeito que eu não queria
Afivelei meu peito
Pra eu deixar de te amar

Acinzetei minh'alma
Mas não ceguei o olhar

Saudade amor, que saudade
Que me vira pelo avesso
E revira meu avesso
Pus a faca em meu peito
Mas quem disse que eu te esqueço
Mas quem disse que eu mereço

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