quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Palcos e bastidores

"Pessoas com trinta anos de casamento não conhecem um ao outro por completo". A frase foi dita por um colega de trabalho. E resumia bem uma situação recente. Quando duas pessoas se conhecem, ou a empatia se dá por imediato ou ela é conquistada ao longo do tempo. Nos casos em que ela acontece imediatamente, há sempre o risco iminente de decepcionar-se com aquele que você nunca conheceu a fundo.

Depois de "velho", o ser humano acha que a ingenuidade foi deixada lá atrás, pra antes dos 20 anos. Mas o mundo "adulto" - principalmente o ambiente de trabalho - te prova que o ser humano será sempre ingênuo. Aparências, reservas, risos, expressões e gestos que desmoronam nos bastidores. O enredo dessa gente que vive da história alheia é a ficção do ambiente de trabalho.

Nesse carnaval não existem só as cordialidades inerentes ao convívio social de um escritório. Aliás, a falta de cordialidade é uma constante. Existem também os que conseguem atuar - no sentido teatral da palavra - em relações mais próximas, como a amizade.

No backstage desse espetáculo, porém, estão atores que não gostam do próximo - e chegam a pleitear conquistas negativas para aqueles em que abraçou diante do grande público.

A raiva, meus caros, é sempre mais digna no palco. Escondê-la por detrás das cortinas e omiti-la de a quem esteja direcionada é acabar, aos poucos, com a encenação. Por mais indigesto que seja o meio, os bastidores acabam sempre descobertos. E aí não há bom roteiro que sustente.

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